Thiago Barcellos
Bergman, Visconti, Saura e Antonioni

Profissão Repórter
Direção: Michelangelo Antonioni (1975)
Gaudí, o arquiteto que ditou a geometria pelo inconsciente, é cenário para Jack Nicholson ser a própria alegoria da obsessão humana pela individualidade.
Ele é como Diógenes respondendo ao rei quando lhe pergunta do que ele mais precisava na vida e ele responde: "que você pare de tampar o sol".
Um filme que bem representa uma grande fauna nessa nossa era.
Rumo à Felicidade
Direção: Ingmar Bergman (1950)
O êxtase de amar e a miséria de estarmos sempre conjugados ao outro, à revelia. No final das contas, amar é isso: vida e morte. Nessa ordem.
A história das dores de um casal de violinistas, integrantes de uma orquestra sueca, colegas desde a academia e que acabam se apaixonando.
É bonito. E doloroso. Como amar, em suma.

Cría Cuervos
Direção: Carlos Saura (1976)
Filme sobre a aniquilação da inocência em tempos de ditadura.
Eis o que nenhuma bomba extermina: o reduto das imagens de pessoas amadas que conservamos para a eternidade.
Entre tiranias e o enigma da morte, a única coisa que uma menina de olhar tristíssimo - assim como nós - consegue manter intocada e irredutível, é isso: a memória.

Morte em Veneza
Direção: Luchino Visconti (1971)
Um velho maestro vai à Veneza e deixa-se fascinar pela beleza andrógina de um garoto polonês.
A sinfonia de Mahler traz a ideia obsessiva tanto da morte quanto da vida, que faz separar os seres dos sonhos. Afinal, a beleza da vida é ambígua.
O que é a vida senão o tédio pelo adiamento da morte e também o desejo ardente de permanecer entre os vivos?
