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  • Foto do escritorThiago Barcellos

Cannon: a rainha dos blockbusters B dos anos 80



No Brasil, nunca se falou, como se deveria, de Menahem Golan, produtor e diretor cinematográfico israelense, dos mais importantes, falecido em 2014, os 85 anos.


Golan, juntamente a seu primo Yoran Globus começaram suas carreira nos EUA, explorando títulos de ação de sucesso, produzindo assim emulações baratas e cheias de testosterona estreladas por Charles Bronson e Franco Nero (escalando este após a derrocada do western spaghetti ao redor do mundo).



Com o sucesso estelar da comédia adolescente Sorvete de Limão (1978), emulação parasitária de American Grafitti de George Lucas, e do nicho pós-Desejo de Matar de Michel Winner com Charles Bronson, é que a dupla de primos deixam de vez o anonimato.


Por meio de uma série de grandes bilheterias como é o caso de Desejo de matar II - que custou a bagatela de US $ 15 milhões e arrecadando inimagináveis mais de US $ 40 milhões - , é que os sócios viriam a comprar a Cannon Films em 1979.


A empresa, uma das mais prolíficas do ramo cinematográfico dos anos 80, produziu mais de 200 filmes que iam de veículos para Chuck Norris exibir os mamilos injetados em plástico, a uma versão de Rei Lear assinada por Jean-Luc Godard (!).


Como é sabido, ação era o ponto forte da Cannon, e ela o revisitava frequentemente: Guerreiro americano, Mestres do universo (o filme do He-Man), Kickboxer: o desafio do dragão, As minas do Rei Salomão, entre outros petardos.



Lentamente, no entanto, eles se tornaram mais ambiciosos, produzindo uma versão cinematográfica de um drama de sucesso da Broadway, O campeão da temporada (que amargou fracasso, apesar do Urso de Prata concedido a Bruce Dern no Festival de Cinema de Berlim) e projetos voltados para grandes estrelas como A perversa, com Faye Dunaway, em 1983 e Expresso para o inferno, estrelado por Jon Voight, em 1985.


Cobrindo os custos caríssimos, muitas vezes com base em apenas um pôster antes de os filmes serem filmados, o Cannon abriu o capital, emitindo uma oferta de ações de US $ 25 milhões no final dos anos 80. Era o começo do fim.


Os sócios Golan e Globus gastaram o que não tinham, pagando grana grossa por um certo Sylvester Stallone (US $ 12 milhões para Falcão - o campeão dos campeões) e Meryl Streep (Um grito no escuro).



Apostaram ainda em filmes ditos de "arte" como Amantes de John Cassavetes e Louco de amor, de Robert Altman, além de projetos de altíssimo risco como Superman IV - em busca da paz, em 1987. Ambos também compraram propriedades como uma rede de cinemas do meio-oeste (a Cannon já possuía cinemas na Inglaterra e na Holanda) e Thorn EMI e Elstree Studios na Grã-Bretanha.


Muitas vezes, os projetos eram temerários, como o épico do deserto Sahara, estrelado por Brooke Shields, ou Bolero - uma aventura em êxtase, com Bo Derek. Mas a bolha só veio a estourar mesmo no final dos anos 80 e, mais precisamente em 1987, a empresa informava um prejuízo de US $ 98 milhões. As ações despencaram de $ 45 para $ 5. Com isso, a Pathe Communications comprou 39% da empresa. Pouco depois, Golan deixou Cannon.



A nova empresa de Golan, a 21st Century Pictures, formada em 1989, faliu logo depois, assim como sua produtora subsequente, a International Dynamic Pictures. Esta última empresa foi confiscada por credores que também assumiram a casa de Golan em Los Angeles.


Golan nunca foi visto pela “aristocracia hollywoodiana” como integrante da tribo. Produtor ao velho estilo – assim como Roger Corman – , transformava qualquer pequeno orçamento em acontecimento.


Filho de pais judeus imigrados da Polônia, nasce em 1929 na cidade de Tibérias (hoje território de Israel). A fim e demonstrar patriotismo ao servir a força aérea durante a guerra da independência em 48, passa a adotar o sobrenome Golan.



Filmes como: Braddock – O Super Comando (1984), Stallone Cobra (1986), O Grande Dragão Branco (1988), assim como o estilo “B” das produções e as intermináveis sequências de seus filmes e o início do filão dos filmes baseados em histórias em quadrinhos, ficam para posteridade.

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