Thiago Barcellos
Gregory Peck, o bom moço de Hollywood

Gregory Peck foi um grande idealista do cinema norte-americano.
O ator deixou o legado de uma vida inteira devotada às causas humanitárias. Paladino da ecologia e eterno defensor dos direitos civis dos negros, Peck afrontou ainda o macarthismo e condenou a ideologia belicista norte-americana numa época em que o bom-mocismo e as nobres intenções estavam em baixa em Hollywood.
Em O sol é para todos (1962), Gregory Peck e seu personagem Atticus Finch não se diferem em profundidade ética e sobriedade.
Em plena ascensão segregacionista após a Crise de 1929, reluz o efeito épico de seu personagem: um nobre advogado do Alabama que se engaja em defender um negro acusado injustamente de estuprar uma jovem branca numa sociedade sulista decadente e individualista.

O Dr. Atticus Finch de Peck carrega consigo todas as credenciais de um democrata que sobrevive ao amálgama social não graças a seu semblante polido e seu passado como ilustre cidadão de Maycomb, mas sim por sua convicção moral que se desdobra na construção da cidadania e da civilidade e que vai refletir em seu casal de filhos pequenos.
A fotografia de Russel Harlan é um milagre de inspiração, belamente concatenada pelas partituras do mestre Elmer Bernstein. A suntuosa interpretação de Gregory Peck no Oscar de 1963, não teve rival. Foi laureada com a estatueta tirando do páreo grandes atores como Peter O’Toole e seu Lawrence da Arábia e Burt Lancaster em O Homem de Alcatraz .
Peck, o diretor Robert Mulligan, Berstein e Harlan, intencionavam propiciar o grande espetáculo do cinema ao grande público.
Muito prazer nos deu.