Thiago Barcellos
John Carpenter: cinema B maiúsculo

John Carpenter, o diretor O Enigma do Outro Mundo (1983) e de Os Aventureiros do Bairro Proibido (1986) é saído da escola do filme B e da televisão. Assim como Brian de Palma e Spielberg.
Halloween (1978), apinhado de nossas inquietudes mais primitivas, é talvez seu filme mais importante. A obra desconstrói a noção do domicílio como local protegido em uma calma periferia dos Estados Unidos através da câmera subjetiva onde se emula a presença sombria de um psicopata mascarado que se esgueira por esquinas desérticas e pelas frestas dos closets .

Custou-lhe 230 mil dólares e faturou 500 milhões ao redor do globo, conferindo ao cineasta a inclusão de seu nome ao panteão dos grandes do gênero.
Em Fuga de Nova York (1982), uma metrópole inteira é convertida em imensa colônia penal onde toda a escória de uma nação é desovada. É ali, no entanto, que soldado contraventor precisa resgatar presidente dos EUA em troca de anistia do mesmo governo que deseja expurgá-lo. Como resultado, uma emblemática ficção científico-criminal que passou à historia.
Embora cultuado nos anos 80, seu declínio artístico ficou evidente na década subsequente principalmente diante do equivocado Fuga de Los Angeles (1998), malfadada continuação de Fuga de Nova York.

Nos tempos de “civilização” atraía turbas aos cinemas. Carpenter encontra-se, por hora, na suprema amargura do exílio artístico, apesar de Halloween Kills, previsto para esse ano, encontrar-se em pós-produção.
Hoje, Carpenter é intraduzível para as novas audiências mesmo nas refilmagens. Fato é que toda geração possui um código.
A diferença, ao menos em começo de carreira entre Carpenter e seus patrícios, era de um homem extremamente apocalíptico.