
Thiago Barcellos
Nunca mais os os barcos de Paquetá, os faroestes na TV e a Gioconda no Louvre

Almas desesperadas eu vos amo.
Estarei convosco em todos os nascimentos e em todas as agonias.
Mesmo que se brote o cheiro das angélicas no funeral.
Mesmo que a noite se divida em dois pedaços e se veja uma nebulosa no minguante no abismo.
Mesmo se os Crescentes fossem para a Dalmácia, e Titos, para a Galácia.
Mesmo que homens distraídos atropelem automóveis.
Mesmo que surjam serafins comportados de cabelo rente segurando a cauda do vestido.
Mesmo que o céu de alumínio destrua toda a ordem.
Tua beleza definitiva hei de contemplar .
Relâmpagos, me abracem no quarto nupcial.
E noutros tempos,
nascerei em outras terras, com novos olhos.
Haverão ali vivendas, hortas, pomares, casas de verão.
Não mais preso em formas inferiores e nem abotoado nessa pele multicor.
Ultrapassarei os vitrais da igreja
e, no galope do Pégaso, a linha do trópico de Capricórnio.
Nunca mais as macieiras da Califórnia,
carambolas chupadas no pé,
os barcos de Paquetá,
os faroestes na TV,
e a Gioconda no Louvre.
Nunca mais ferido de sentimentos,
rotulado,
desesperado.
De véu, andarei no ar e me aninharei à noiva,
que com um beijo transcenderá as agonias ardentes e insatisfeitas.
No fim, me desdobrarei em planos infinitos e em versos.