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  • Foto do escritorThiago Barcellos

O fim das coisas memoráveis


Otto Dix I "Aleijados da Guerra" I 1920


Um dia, tudo isso ruirá


e o tempo,


as colunas de realidade


e a matéria em convulsão ardendo para se definir


perecerão


e serão


memória.


As pessoas que andam na pracinha,


as tolas,


as más,


as caridosas,


os velhinhos de molho com suas cuidadoras,


o ateu,


o sol que se afunda no ocaso à tardinha,


a lua,


o neurocirurgião,


o palhaço no semáforo com seus malabares,


os manifestos de arte moderna,


os substantivos,


a foto da tua primeira comunhão,


as revoluções com suas balas de borracha e seus lacrimogênios,


a estátua do Deodoro da Fonseca,


os fósseis de Velociraptor do museu do Cairo.


Até os joões de barro – ouça bem: até os joões de barro com suas casas vermelhas –


serão memória


e


não resistirão e sucumbirão.


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