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  • Foto do escritorOvelha Negra Filmes Digitais Ltda.

"Solaris" de Andrei Tarkovsky: filosofia da ficção científica



Um velho amigo me pergunta qual dos filmes me “causa mais”; se é 2001 – Uma odisseia no espaço (1968) de Stanley Kubrick ou Solaris (1972) de Andrei Tarkovsky.


Em se tratando de ficção científica – e a essa altura da vida -, fico com o filme do Tarkovsky mais por acrescer e não diminuir o conteúdo da trama original que, por sua vez, tem como base o livro homônimo de Stanislaw Lem publicado em 1961. Reflexões: o desconhecido da morte, a obscuridade dos relacionamentos humanos e os contatos extraterrestres.


Solaris, o filme, gira em torno do cosmonauta-psicanalista Kris Kelvin que é enviado à estação orbital soviética do misterioso planeta Solaris a fim de investigar a ocorrência de alucinações e a comportamentos paranoicos de alguns dos tripulantes. Chegando lá, fica sabendo que um dos cientistas cometera suicídio.


No tal astro, corporificações de antigas memórias e de certos anseios pessoais surgem repentinamente e de forma inoportuna durante o sono. Um oceano em sua superfície “lê” e também “materializa” os pensamentos dos astronautas.



Antropocêntrico, Solaris volta-se, antes de tudo, para a experiência humana que, para Tarkovsky sempre foi vítima de agudos sofrimentos psíquicos. Assim, tanto o luto quanto a melancolia, afasta-se, em primeira hora, da intenção lemiana que lança mão de uma visão algo narcisa dos habitantes terrestres.


As imagens de Solaris não são apenas belas, mas são muitas vezes surpreendentes. Ao contrário de 2001, concentrado em planos descritivos de naves espaciais, estações orbitais e no detalhamento técnico do interior da nave Discovery com o consequente esgrima final entre a Inteligência Artificial e o ser humano. Em Solaris, diferentemente, todos os cânones da ficção científica são apenas sugeridos.



Assim como o monolito negro de 2001 o mar do planeta Solaris é algo inefável e enigmático para a pobre natureza humana.


Em outras palavras: algo tão desconhecido quanto misterioso.


No final das contas, são filmes um tanto semelhantes no que se propõem. Ambas obras falam do desbravamento humano rumo às fronteiras do desconhecido e seu encontro com uma certa inteligência extraterrestre.


Encontros absolutamente inconclusivos, estes.

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