Thiago Barcellos
Ultraman é imoral!

Ter algo bom pra jogar depois de um dia exaustivo é como barco fatigado que chega à enseada. É aquela deliciosa sensação de pertencimento que, de quebra, estimula as nossas melhores lembranças.
Mas não aqui.
'Ultraman' é um exemplo de jogo que não deu certo. A Bandai chamou a Human para desenvolver. E a Human, convenhamos, não é a Capcom. Jogo pronto e ninguém entendeu nada. Nem a licenciante do projeto, uma tal de Tsuburaya Productions. A empresa, ao ver o protótipo, quis abortá-lo. Até, pasmem, a própria Bandai por pouco não o renegou.
'Ultraman' já começa imoral só pelo fato de se usar um botão pra pular. Como se isso não fosse ultrajante o suficiente, pra se executar os golpes é necessário burlar as leis da física.

Fiquei horas dependurado no Google Tradutor tentando decifrar o manual dessa peste bubônica oriental. Fiquei obsessivo. Eu precisava efetuar qualquer porcaria de fire ball. De repente, tudo ficou pequeno. O capitalismo, a astrofísica, a especulação imobiliária, a ioga. Tudo diminuiu em importância. Eu queria meter o sarrafo nos monstrengos usando golpes bonitos. Nada me importava mais do que isso.
Uma hora eu descobri como se faz: é "só" colocar pra baixo, pular, pra direita e pressionar o B. TUDO AO MESMO TEMPO! Era só o que me faltava.
'Ultraman', senhores, é um dos momentos mais baixos da recente história dos vídeo games.