Thiago Barcellos
"Um Lindo Dia na Vizinhança" é lição de 'good vibes' com Tom Hanks

Fred Rogers, apresentador e lenda infantojuvenil, foi um tipo obscuro fora das cercanias norte-americanas e que tratava assuntos sérios com graça de pluma em canções que formaram gerações nos EUA.
Rogers comandou seu programa “Mister Rogers’ Neighborhood” por 33 anos, de 1968 a 2001, se comunicando década atrás de década, mantendo assim sempre a alta popularidade.
Enquanto aqui, na nossa terrinha, tínhamos Xuxa e suas brincadeiras convulsivas, a gurizada estadunidense assistia atenta aos conselhos televisivos sobre altruísmo e empatia.
Mister Rogers que aqui é interpretado de forma sublime por Tom Hanks, foi pedagogo, escritor de prestígio e ativista vegetariano.
Morreu em 2003, vitimado por um câncer, aos 74.
Enquanto Hanks evita a tentativa canhestra de emular desajeitadamente a voz de Rogers - embora seja perfeito em sua cadência e dicção - ele se concentra em exalar a mesma paciente curiosidade que o Rogers real tinha nas pessoas que conheceu.
Sob um esqueleto mais convencional e, até certo grau, lúdico do roteiro, o filme disserta sobre o valor da beleza perdida do pequeno gesto e na ação filantropa de quem acredita que o mundo pertence àqueles que têm compaixão pelo próximo.
No arremate, Um lindo dia na vizinhança (2019) é abundante em doçura, sagacidade e sabedoria, uma obra ideal para apreciar e meditar sobre a profundidade da raiva e do amor.
Talvez a mensagem mais importante de Mister Rogers, no filme, seja seu conselho de empatia para os adultos, pedindo que eles se ponham no lugar do outro: “ Lembre-se: você também já foi uma criança”.